A fauna selvagem da serra da Estrela caracteriza-se por uma riqueza e diversidade elevadas, constituindo, a nível nacional, uma das áreas de montanha mais importantes para a conservação da natureza. Esta riqueza resulta, em grande medida, da significativa diversidade de habitats existente numa área extensa, com uma orografia acidentada e em que a ação negativa do homem sobre os ecossistemas naturais é pouco expressiva, em relação a outras regiões. Assim, na serra da Estrela e áreas envolventes estão inventariadas cerca de 250 espécies de vertebrados terrestres e aquáticos e mais de 2100 espécies de invertebrados, muitas das quais possuem um estatuto de conservação prioritário a nível europeu.
A fauna de invertebrados da serra, ainda que insuficientemente conhecida, inclui o maior número de espécies a nível das várias áreas protegidas portuguesas. Saliente-se que um número considerável destas espécies é exclusivo desta montanha, como o longicórnio Iberodorcadion brannani, o melolontídio Monotropus lusitanicus, o carabídeo Zabrus estrellanus e o tetagonídeo Ctenodecticus lusitanicus, e que estudos recentes têm dado a conhecer espécies novas para a ciência ou para Portugal.
Prionotropis flexuosa |
Longicórnio (Iberodorcadion brannani) |
A ictiofauna da região é pobre, incluindo apenas sete espécies: a boga (Chondrostoma polylepis), o barbo (Barbus bocagei), o ruivaco (Rutilus macrolepidotus), o escalo (Leuciscus sp.), a enguia (Anguilla anguilla), a truta-de-rio (Salmo trutta fario) e a truta-arco-íris (Onchorhynchus mykiss). O escalo e a truta-arco-iris foram introduzidos nas barragens e em algumas lagoas da serra com fins desportivos, não estando a sua reprodução comprovada no meio natural.
A fauna de anfíbios e répteis da serra inclui 13 e 20 espécies, respetivamente, sendo das mais diversificadas a nível nacional. A lagartixa-da-montanha (Iberolacerta monticola monticola) é uma subespécie endémica da serra da Estrela, com uma distribuição restrita a altitudes superiores a 1400 metros. Também a salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica) e a víbora-cornuda (Vipera latastei), pela vulnerabilidade das suas populações, merecem referência particular.
Lagartixa-da-montanha |
Víbora-cornuda |
Rela (Hyla arborea) |